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Paraíba

Casos de suicídio e depressão deixam universidades em alerta

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Aos 16 anos, Nathália de Oliveira dorme apenas cinco horas por dia. Desde os sete faz tratamento para transtorno de ansiedade com medicamentos e visitas periódicas ao psicólogo e ao psiquiatra. Sua rotina conta com a escola, cursinho e mais algumas horas de estudo.

A Fluoxetina, medicamento contra a depressão, foi o escolhido por seu médico para a contenção das crises, mas, nos últimos meses, as doses não parecem ser suficientes.“Tento me manter apenas comigo mesma, sem aumentar as dosagens.”

Seu sonho é ar no curso de medicina na Universidade de São Paulo (USP). Para isso, divide diariamente a sala de um cursinho popular de São Paulo com cerca de 100 estudantes. A sensação é de competição a cada segundo. “Parece que em qualquer momento alguém vai ar na minha frente e roubar minha vaga.”

Às vésperas dos principais vestibulares do Brasil, ela sente a pressão aumentar. A medida que os conteúdos das aulas aceleram, os pais, a escola e o próprio cursinho cobram resultados exemplares. Suas respostas são cada vez menos horas de sono, mais horas de estudo e as crises de depressão e ansiedade se tornam mais frequentes. “Por conta dessa pressão estou a cada dia retrocedendo no tratamento”, desabafa.

A cobrança, no entanto, não parece se encerrar com o nome na lista dos aprovados.

Ao entrar no curso na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Juliana* teve que equilibrar a vida social, acadêmica, familiar e amorosa. “Eu entrei lá e fiquei encantada, todos pareciam muito interessantes.” Aos poucos, com a competitividade instaurada no curso, tinha menos confiança nas pessoas com quem se relacionava.

Seu escape para os momentos de extrema tensão eram as festas universitárias. A bebida e as drogas ajudavam Juliana a relaxar. Em uma delas, sofreu um estupro. Em lugar conhecido como “porão” na FMUSP, ela foi violentada. “Eu fiquei sozinha, ei dois meses na cama sem fazer nada e comecei a afundar”.

O anti-depressivo Venlafaxina foi o medicamento escolhido para acompanhar a aluna. Os traumas e a cobrança acadêmica fizeram as doses aumentarem, mas a estudante optou por parar de tomar espontaneamente. “Eu achava que ia ar, que não era nada.” As dificuldades com uso excessivo de drogas, álcool, além de interrupções na medicação, fizeram Juliana parar o curso três vezes, mas hoje sente que aos poucos está melhorando.

O curso de medicina da USP contabilizou só neste ano ao menos 6 tentativas de suicídio, mas outras unidades como a Faculdade de Veterinária e o Instituto de Ciências biológicas tiveram atos consumados. O psiquiatra Eduardo Humes do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que a questão sempre existiu, e falar sobre ela “evita que as pessoas e as instituições joguem o assunto para debaixo do tapete”.

Depressão na adolescência

Sabendo da condição mental dos alunos de medicina, desde 1986 o curso tem em funcionamento o Grupo de Assistência Psicológica aos Alunos (GRAPAL) formado por psiquiatras e psicólogos com o objetivo de fornecer tratamento aos estudantes. O professor afirma que o suicídio sempre existiu na FMUSP, e somente com o diálogo sobre o assunto será possível combater o problema.

Ações como essa, em conjunto com os estudantes, geraram grupos de apoio à causa, como a Frente Universitária Saúde Mental. Autogerida pelos próprios alunos, a frente organizou em setembro a Semana de Saúde Mental, para debater a condição psicológica dos alunos dentro da universidade.

O psiquiatra explica que muitos alunos, assim como a maioria da população que sofre com depressão ou outras doenças mentais, não possui o tratamento adequado porque a sociedade não está acostumada a tratar com seriedade as doenças psiquiátricas. “Precisamos falar sobre isso para entenderem que não é frescura, não é brincadeira, que o indivíduo que possui este tipo de doença não escolheu.”

Humes aponta que as instituições devem tratar do assunto e estar preparadas para possíveis crises. “Lidar com o aluno em más condições de saúde mental não é somente medicá-lo, mas ouvir, propor atividades físicas, boa alimentação”, diz ao explicar as contribuições que podem ser feitas pela universidade para não gerar o esgotamento dos estudantes.
Para os alunos de outros institutos, a universidade conta com a Clínica Psicológica, que funciona da Faculdade de Psicologia da USP, e atende toda a comunidade universitária, direcionando os alunos para psicólogos ou outros tipos de tratamento.

Saúde mental

Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), após dois suicídios de alunos, foram intensificados os debates sobre saúde mental. Para combater o problema, a universidade criou em 2014 a Rede de Saúde Mental, que visa articular com os estudantes e a comunidade universitária a visibilidade do tema e fornecer tratamento. Além deste, a universidade oferece também o Núcleo de Acolhimento e Escuta aos Estudantes, formado por psicólogos e assistentes sociais.

Para Claudia Mayorga, coordenadora da Rede, o tratamento de “pessoas com sofrimento mental” dentro do contexto universitário requer a adoção de políticas que levem em consideração a trajetória e histórico pessoal dos estudantes, além de ações institucionais que humanizem o sujeito. “Precisamos criar em conjunto soluções criativas que não repitam a lógica estigmatizando do sujeito com sofrimento mental”, diz.

Outro fator que ainda pode contribuir para o desgaste mental são as respostas à diversificação do perfil do aluno. Para Mayorga, a chegada destes novos estudantes com políticas de inclusão e democratização do o também é um desafio para as instituições.

“Temos uma universidade pública brasileira que pertence historicamente à elite da sociedade. Muitas pessoas resistem às políticas inclusivas, o que muitas vezes é vivido pelos estudantes como uma certa violência, uma desqualificação de sua presença aqui”, explica.

A partir do mês de prevenção ao suicídio, Setembro Amarelo, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) está promovendo mesas de debate sobre o tema de saúde mental do estudante. Em paralelo, iniciativas como a Equilíbrio UFPB realizam encontros periódicos para que os alunos possam discutir sobre temas que geram pressão e estresse na graduação e pós-graduação, de acordo com a CartaCapital.

Além das iniciativas informais, a Universidade conta também com o auxílio de uma clínica psicológica, que atende os alunos e toda a comunidade acadêmica. Silvana Maciel, professora do curso de Psicologia e Coordenadora do Congresso Brasileiro de Saúde Mental alerta para o problema. “Temos que dar atenção aos alunos da universidade, mas é importante destacar que é um problema que envolve a quase todos os indivíduos, uma questão de saúde pública.”

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TCE-PB alerta prefeitos sobre gastos públicos com festas juninas para evitar multas e ressarcimento

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O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) alerta aos gestores municipais para que observem rigorosamente a legislação que regula os gastos com eventos festivos financiados com recursos públicos. O alerta se dá pela proximidade dos festejos juninos deste ano de 2025.

O presidente do TCE-PB, conselheiro Fábio Nogueira, enfatizou a importância do cumprimento das Resoluções Normativas e decisões recentes da Corte de Contas. Segundo ele, os normativos estabelecem critérios para a realização desses eventos, exigindo, entre outros pontos, compatibilidade com o cronograma mensal de desembolso. O objetivo é garantir que as festividades não comprometam obrigações essenciais dos municípios, como o pagamento da folha de pessoal, os investimentos em saúde e educação, o ree à previdência e o pagamento a fornecedores.

“A atuação responsável do gestor exige o respeito aos princípios da legalidade, moralidade, economicidade e razoabilidade, especialmente diante de outras demandas prioritárias, como infraestrutura, saúde e educação”, destacou o presidente.

O TCE-PB orienta que a realização de eventos com recursos públicos deve ocorrer apenas em situações de comprovado interesse público, como tradição cultural consolidada ou potencial geração de receitas por meio do turismo. Municípios em estado de calamidade pública ou emergência devem se abster dessas despesas.

O Tribunal também chama atenção para o regime jurídico das contratações públicas previsto na Lei nº 14.133/2021, que reforça o papel fiscalizador dos Tribunais de Contas e impõe regras mais rígidas para o uso de recursos públicos.

Penalidades — Em caso de descumprimento das normas, o TCE-PB poderá aplicar penalidades aos gestores, como multas e a obrigação de ressarcimento ao erário, especialmente quando identificadas contratações irregulares ou despesas incompatíveis com a realidade fiscal do município.

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MPF quer remover ocupações irregulares, proteger restinga e recuperar terrenos da União em Pitimbu

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O Ministério Público Federal (MPF) recomendou uma série de medidas conjuntas a órgãos federais, estaduais e municipais para conter a degradação ambiental e recuperar áreas de restinga e terrenos de marinha na Ponta de Coqueiro, em Pitimbu, litoral sul da Paraíba. A recomendação, expedida em 27 de maio, tem como base registros técnicos e fotográficos que evidenciam a ocupação irregular e a degradação de ecossistemas costeiros legalmente protegidos.

O documento foi encaminhado à Secretaria de Meio Ambiente de Pitimbu, à Superintendência de istração do Meio Ambiente (Sudema), à Superintendência do Patrimônio da União na Paraíba (SPU/PB), ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Entre os problemas identificados estão construções e cercamentos sobre áreas de restinga e terrenos da União, supressão de vegetação nativa, presença de espécies exóticas invasoras e comprometimento da regeneração natural desses ecossistemas, que cumprem papel essencial na contenção da erosão costeira e na estabilização das dunas.

O MPF recomendou providências como o levantamento fundiário da faixa de marinha, a remoção de cercas e construções irregulares, o controle da vegetação invasora e a execução de ações de recuperação ambiental — incluindo reflorestamento, plantio orientado e campanhas de educação ambiental. Os órgãos têm 15 dias úteis para informar as providências adotadas.

Está prevista para o dia 2 de junho uma ação de fiscalização conjunta na área, com o objetivo de alinhar as medidas e promover a retomada das áreas públicas degradadas. A recomendação assinada pelo procurador da República João Raphael Lima Sousa considera “a necessidade de atuação articulada e preventiva por parte dos órgãos públicos competentes, nas esferas federal, estadual e municipal, com vistas à proteção do patrimônio público, à recuperação ambiental e à garantia do uso comum e sustentável do litoral”.

A restinga fixadora de dunas é reconhecida como área de preservação permanente pela legislação ambiental brasileira. Já os terrenos de marinha são bens públicos federais, inalienáveis e imprescritíveis, cuja ocupação não autorizada é proibida. A omissão das autoridades diante das irregularidades poderá resultar na adoção de medidas istrativas e judiciais pelo MPF.

Entenda o que está em jogo

O que é a restinga?
A restinga é uma formação vegetal típica das regiões costeiras brasileiras, composta por plantas adaptadas a solos arenosos. Quando ocorre sobre dunas, ela cumpre uma função ambiental essencial: fixar a areia, estabilizar o terreno e impedir a erosão provocada pela ação do vento e do mar. Por isso, a restinga fixadora de dunas é considerada área de preservação permanente pela legislação ambiental — ou seja, sua conservação é obrigatória.

O que são terrenos de marinha?
Terrenos de marinha são faixas de terra próximas ao litoral que pertencem à União. Por lei, são considerados bens públicos federais, inalienáveis e imprescritíveis, e sua ocupação deve seguir regras específicas. Essas áreas existem para garantir o uso coletivo do litoral e a proteção do meio ambiente costeiro. Ocupações irregulares, como construções, cercamentos ou intervenções não autorizadas, são proibidas.

Recomendação nº 10/2025

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Minha Casa, Minha Vida: Governo Federal inicia construção de 100 novas moradias na Paraíba; confira

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O Governo Federal inicou entre os dias 19 e 23 de maio 11 novas obras do Minha Casa, Minha Vida. Ao todo, são 1.280 moradias sendo construídas para realizar o sonho da casa própria para a população brasileira. Cerca de 5 mil pessoas devem ser beneficiadas.

Do total de moradias, na Paraíba, pelo menos, 100 unidades habitacionais estão sendo construídas em Itaporanga, por meio do Residencial Itaporanga 1.

Confira abaixo a relação completa do início de obras:

Norte

Dois municípios do Tocantins tiveram a obra de seus residenciais iniciadas. Gurupi, com o Condomínio Residencial Nova Fronteira I, de 144 unidades habitacionais, e Colinas do Tocantins, com a etapa dois do Residencial Aeroporto 2, de 100 moradias.

Nordeste

Empreendimentos no Ceará, Paraíba, Bahia, Piauí e Maranhão começaram suas construções. Em Maracanaú (CE), a obra da primeira etapa do Residencial Raimundo Virginio de Sousa foi iniciada, com 240 unidades habitacionais. Em Batalha (PI), o Residencial Nova Batalha começou suas obras, visando as 90 moradias previstas no empreendimento.

Em Itaporanga (PB), 100 unidades habitacionais estão sendo construídas por meio do Residencial Itaporanga 1. Em Serra do Ramalho (BA), o residencial Cidade Nova 2 começou suas obras, de 60 moradias.

Por último, Maranhão teve três inícios de obras no município de Santa Inês, sendo o Residencial Jardim das Oliveiras 1 e o Residencial Jardim das Oliveiras 2, com 144 unidades habitacionais cada, e o Residencial Jardim das Oliveiras 3, com 112. O município de Pastos Bons (MA) também teve obras iniciadas, referente ao Residencial Pastos Bons 1, com 50 moradias.

Sul

A capital paranaense de Curitiba teve as obras do Residencial Corbelia iniciadas na última semana. Serão 96 unidades habitacionais construídas no local.

“É essencial esse acompanhamento diário e semanal de todos os residenciais e moradias sendo construídos por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. Estamos falando do lar de famílias que poderão crescer e descansar em segurança e conforto no dia de amanhã, graças à essas obras que ocorrem e acompanhamos hoje”, afirma o secretário Nacional de Habitação, Augusto Rabelo.

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