Uma das homenageadas do Carnaval do Recife em 2025, a cantora Elba Ramalho afirma que não vê um Carnaval se sobrepor a outro como maior. O rótulo é alvo de disputas nas redes sociais durante o período festivo.
“Cada um tem uma história, e cada um é especial”, diz Elba, ao enaltecer as festas de Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
Em entrevista à Folha Elba, 73, não descarta uma eventual aposentadoria ou pausa na carreira futuramente, mas diz que não está nos planos por enquanto. “Ainda está fervendo aqui no meu sangue esse desejo de cantar”, diz. “Pode ser que você se surpreenda e eu diga no próximo ano que não estou mais. Não sei.”
Sobre o acirramento político no país, a cantora diz que cansou de política. “Odeio as divisões, a falta de respeito.”
Como se sentiu quando soube que seria homenageada no Carnaval do Recife?
Fiquei surpresa e feliz. Faço shows bacanas e já tenho meu lugar sagrado nos palcos aqui, mas a homenagem é um reconhecimento que recebo com amor, gratidão e responsabilidade de fazer mais ainda do que eu já fiz.
Como funciona o preparo físico e da sua voz?
Corro 40 minutos na areia todo dia no Rio de Janeiro. Vou à academia, faço musculação, faço uma alimentação balanceada com apoio da nutricionista, que cuida dos suplementos. Como eu não como carnes vermelhas, eu era vegana, sou muito mais pra uma alimentação mais natural. Tenho que ter suplementos, vitaminas. E procuro manter o sono, hidratação. Faço exercícios e antes de entrar [no palco], tenho meu vocalista e ele é fonoaudiólogo.
Tem uma disputa na internet de quem tem o maior Carnaval entre Recife, Salvador, Rio de Janeiro e outros carnavais que têm ganhado força como São Paulo e Belo Horizonte. Existe algum maior Carnaval?
Não tem. Na Bahia, estão comemorando 40 anos de Axé, e que é maravilhoso, é forte o Carnaval de lá. Talvez nessa área de rua, de trios, seja o maior, talvez.
O Carnaval de Pernambuco é um dos mais belos, pela cultura, pela musicalidade, pelos ritmos, e é distribuído em polos. É diferente, eu não posso dizer que existe o maior. Vai pro Rio de Janeiro, tem blocos de rua, escolas de samba. Cada um tem uma história, e cada um é especial.
Após 48 anos de carreira, pensa em se aposentar, tirar uma pausa da carreira?
Não sei te responder. Eu posso parar. Eu posso dizer, na próxima hora eu não faço mais nada. Próximo ano posso ser mais seletiva, vou fazer um show aqui, ali, ali. Ainda está fervendo aqui no meu sangue esse desejo de cantar. Tenho uma voz preservada. Então, pode ser que sim. Pode ser que você se surpreenda e eu diga no próximo ano que não estou mais. Não sei.
O que você acha que, do ponto de vista da cultura, deveria ser prioridade no país?
Na área da cultura? Porque se [a pergunta] fosse falta de investimento no país, eu dizia em quase tudo. A saúde, principalmente. Mas, eu acho que incentivar os novos [artistas]. Vejo muitos artistas reclamando. “Ah, não fui contratado”. Igual ao São João também. É preciso olhar um pouco para esses projetos. Porque toda cultura deve ir onde o povo está.