É chato escrever sobre isso. Muito chato. Na verdade, chatíssimo. E isso se dá por vários prismas que multifaceta o assunto quando o dia é a falsa dedicação de gestos de homenagens aos jornalistas.
Na verdade, me dói, ver os prejuízos que hoje, nós jornalistas e toda a população brasileira sofremos pelo que considero um dos maiores equívocos do Supremo Tribunal Federal (STF) que foi a tomada de decisão pela inconstitucionalidade da exigência do diploma de Jornalismo e do registro profissional no Ministério do Trabalho como condição para o exercício da profissão de jornalista.
A partir daquele momento, a Corte Suprema do país decidiu que, na prática, qualquer um que soubesse ou não fazer bom uso da concordância verbal e se tivesse um espaço disponível para escrever textos tidos como “informativos” para a massa, poderia ser chamado de jornalista e, pior, poderia exercer a dita profissão.
Essa agressão cometida junto a toda uma categoria profissional, se deu no mês de junho do ano de 2009. A relatoria foi do ministro Gilmar Mendes, então presidente da Casa que, pouco mais de dez dias depois de atingir duramente a nossa categoria disse, durante o 1º Encontro Nacional de Magistrados de Segunda Instância, que a Corte iria criar um “modelo de desregulamentação” das profissões que não exigiam aporte científico e treinamento específico.
“A decisão vai suscitar debate sobre a desregulamentação de outras profissões. O tribunal vai ser coerente e dirá que essas profissões podem ser exercidas sem o diploma“, disse Mendes, conforme contou o Correio Braziliense.
Ora a dita fala de Mendes, já sugere que ele mesmo não poderia opinar sobre uma profissão que não exercia, afinal, dizer que Jornalismo não carece de treinamento específico foi o mesmo que dizer que para ser magistrado bastaria ter uma disposição e gosto pela leitura das Leis uma vez que todos nós sabemos que não basta isso. Mendes ao falar sobre o que pouco conhecia fez uma confusão de consquências gravíssimas sobre a prática do Jornalismo e a mera liberdade de expressão.
“O jornalismo e a liberdade de expressão são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada”, disse Gilmar Mendes, conforme registrou o sistema de informações do próprio STF. (Clique aqui para conferir a matéria)
O assunto, além de chato, vai ficando revoltante, e até risível, porque hoje, 16 anos depois da queda do Diploma, o dito STF já se viu obrigado a emplacar e apoiar campanhas de combante à divulgação excessiva de notícias falsas, carinhosamente apelidadas de “fake news”.
Ora, quem diria que a DE-SIN-FOR-MA-ÇÃO se tornaria tão latente a partir do momento em que foi dada a “autorização” para que qualquer um pudesse escrever alguma coisa parecida com notícia e, por isso, se autointitulasse jornalista. Não é mesmo?!
O STF pregou, de modo “lindamente” teórico, que a derrubada da exigência de diploma e do registro profissional da categoria no Ministério do Trabalho significava que a atividade de jornalista poderia ser exercida por qualquer pessoa desde que ela respeitasse as leis e os códigos de ética da profissão.
Ha-Ha-Ha-Ha-HAhahahahaha!
Sim, nesse momento eu gargalho porque se o (a) figura não estava se importando com o mínimo exigido para escrever algo, que é saber concordância e métodos de checagem de fatos… imagina se teria disposição para respeitar leis ou códigos de condutas de ética da profissão? Uma vez que ética é uma palavra completamente estranha para alguns ou -falando sem resguardo!- de MUITOS, que entraram no Jornalismo pela brecha de uma janela quebrada. Como se diz por aí… “nunca não, meu amigo!“.
Graças ao STF que foi cego e ignorante junto ao ritmo aceleradíssimo de popularização da internet, hoje vivemos um caos que se traduz em enxurradas de notícias falsas encaradas como verdadeiras por uma parcela popular expressiva que por um smartphone tem o a um texto porcamente publicado num blog de um (a) fulano (a) que tem um template bonitinho e se autointitula jornalista.
E não! Não estou afirmando que todos os diplomados são santos. Até porque tem gente que buscou o diploma para ser escroto (a) com… diploma. Mas, antes era uma categoria mais facilmente rastreável. Hoje… nem tanto.
Sem falar na turminha que sequer tem capacidade para escrever uma matéria e vive do Ctrl C + Ctrl V sem, no mímino, dar os devidos créditos. Coisa que acontece demaaaaaaaaiiisssss na nossa Paraíba.
Ora, já vi matérias minhas copiadas e coladas descaradamente e, consequentemente, serem publicadas em blogs ou “portais” -como queiram chamar!-, sem o menor crédito nem mesmo em reconhecimento ao trabalho que tive para juntar todas as informações e transformá-las em matéria.
No dia dedicado ao jornalista gostaria de trazer à baila o reforço da necessidade de uma reflexão sobre ética. Mas quem entende de ética não precisa ser convidado à isso porque, naturalmente, a utiliza.
Pois é… hoje, graças ao STF os penetras festejam, mas cumprimento apenas aos meus colegas jornalistas de verdade que sabem a importância da manutenção da ética até mesmo quando os recur$os tentam falar mais alto.