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Como explicar o resultado das eleições em João Pessoa?

Publicado

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* Por Josival Pereira

Existem dois ou três fatores gerais, observados em todo país, que se encaixam na campanha eleitoral na capital paraibana. A inteligência da instituto de pesquisa Quaest identificou, ainda no primeiro turno, a tendência de eleição de candidatos com experiência e, no caso de reeleição, de prefeitos com gestões aprovadas pela população.

Depois do primeiro turno, percebeu-se também que havia a opção majoritária de escolha de candidatos moderados, do centro político com inclinação à direita. Ou seja, nada de radicalismos. Talvez em função dessa opção, a polarização entre bolsonaristas e lulistas acabou desarmada nas disputas municipais. O perfil histórico do prefeito Cícero Lucena e um certo distanciamento da polarização mantida por ele nos últimos anos ajudaram-no a atravessar a campanha sem polarizar com o bolsonarista Marcelo Queiroga, mas que o ajudou a ganhar os votos de Lula e dos progressistas no segundo turno.

Além disso, fatores identificados nas pesquisas estiveram muito presentes na base de vitória do prefeito Cicero Lucena, que conseguiu sobejamente se apresentar como o candidato mais experiente, com gestão aprovada e de posições politicas moderadas.

Existem, contudo, muitos fatores específicos da campanha em João Pessoa que ajudaram a desequilibrar a preferência dos eleitores em favor do prefeito.

A ampla derrota do agrupamento politico do governador João Azevedo e Cicero Lucena para o direita bolsonarista nas eleições de 2022 em João Pessoa e região metropolitana serviu de alerta. Vieram, então, obras significativas do Governo do Estado na Capital, especialmente na área de mobilidade, e o prefeito Cicero Lucena ajustou sua gestão, disseminou ordens de serviço, iniciou uma razoável quantidade de obras e se aproximou da periferia com um grande programa de pavimentação de ruas.

A oposição parece não ter percebido o processo de recuperação de imagem do prefeito e da gestão e fez uma leitura de terra arrasada da cidade, propondo uma mudança radical. Errou no eixo do discurso, enquanto o prefeito Cicero Lucena, com suas ordens de serviço e obras em andamento, construía a tese de necessidade de continuidade do projeto, que é o centro do discurso de reeleição.

Em relação a discursos ou linhas de campanha existem outros erros da oposição que também podem explicar o resultado geral das eleições em João Pessoa, com a vitória do prefeito Cicero Lucena (63,91% dos votos válidos) contra o ex-ministro Marcelo Queiroga (36,09%). Um deles pode ter sido a radicalização das críticas, denúncias e ataques. Uma das primeiras pesquisas Quaest apontava que apenas 2% da população da Capital se interessava por este tipo de discurso na campanha.

Esse levantamento da Quaest talvez explique a baixa ou quase nenhuma atenção dada pelos eleitores às operações da Polícia Federal Mandare e Território Livre, que envolveram a filha, Janine Lucena, e a primeira-dama Lauremília Lucena em investigações sobre um suposto esquema de assédio violento de eleitores nos bairros São José e Alto do Mateus em associação com líderes de facções criminosas.

Nesse item, em particular, é preciso se destacar a forma como a campanha e o próprio candidato Cícero Lucena conduziram a gestão da crise, com frieza, praticamente ignorando-a (Cicero participou de debate no dia da prisão de Lauremilia e apresentou apenas uma moção de solidariedade à esposa) e se vitimizando no decorrer dos dias. A oposição, ao contrário, na ânsia de obter resultados rápidos, abusou nos ataques diretos, o que parece ter causado um certo tipo de repulsa, que pode ter ajudado na vitimização ou na ausência de aderência às ocorrências. O certo é os fatos não tiveram ingerência na campanha o no resultado das urnas.

Nesse contexto, a propaganda eleitoral no rádio e na televisão também teve peso no resultado final. A oposição optou pela linha de críticas mais ácidas e ataques mais duros, além de apresentação de uma profusão de propostas de governo, muitas promessas, gerando a impressão da impossibilidade de execução. A propaganda de Cicero fez a opção de apresentação de promessas mais factíveis, geralmente a continuidade de ações em execução ou de projetos com recursos assegurados. ou confiança.

Outra diferença substancial na propaganda esteve na forma. A de Cicero interagia mais com a população, sobretudo da periferia; a dos candidatos de oposição abusou da falação direta e de poucos recursos técnicos, com ligeira excessão para o candidato Luciano Cartaxo, que a partir de determinado momento ou a apresentar ações e obras da sua gestão (2013/2020).

Observe-se ainda que o prefeito Cicero Lucena, pelo seu longo histórico de eleições e a estrutura da gestão, se apresentou à disputa com perfil popular e tendo ligação efetiva com as camadas mais pobres de população. Os demais candidatos ostentaram perfis mais elitizados. Frise-se, nesse sentido, que Cícero acabou beneficiado com a transferência do apresentador Nilvan Ferreira para disputa política em Santa Rita.

Não há como não observar que o candidato Cícero Lucena se apresentou muito mais pragmático em relação a promessas para a futura gestão , compromissos com os diversos grupos sociais e eleitores, além de ter cumprido una agenda de campanha mais intensa na periferia, até por força da estrutura da Prefeitura. Pragmatismo este que casa com o também pragmatismo dos eleitores em eleições municipais, que definem o voto pela perspectiva de atendimento de anseios pessoais ou grupais, benefícios à comunidade mais próxima ou em função do candidato que, naquele exato momento da campanha, se apresenta o melhor ou menos ruim para cidade. Existe aqui amplo encaixe com o perfil do prefeito Cícero Lucena, que soube ler melhor a conjuntura eleitoral e desenvolver a propaganda mais eficiente para chegar à cabeça do eleitor.

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“Por que” não será fácil fazer Cícero desistir de ser candidato

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Redação do Portal da Capital

* Por Luis Tôrres

O escritor norte-americano Mark Twain dizia que os dois momentos mais importantes da vida de um homem são quando ele nasce e quando ele descobre o porquê. Para o prefeito Cícero Lucena (PP), há um terceiro momento tão importante quanto. Descobrir o porquê ele desistirá de disputar o governo da Paraíba caso esteja à frente das pesquisas.

Foi exatamente o que ele cobrou ao ser perguntado nesta segunda, 28, no Frente a Frente da Tv Arapuan, se abriria mão da candidatura ao governo caso estivesse na frente nas pesquisas. “Teria que ter um porque!”, disse sem hesitar.

Sobre a tal “candidatura de Lucas Ribeiro (PP) ao governo caso João Azevedo saia para se candidatar ao Senado”, Cícero foi ainda mais enigmático para dizer que, mesmo nesta situação, a candidatura da senadora Daniella Ribeiro (PP) à reeleição também deve ser considerada natural. E emendou: “Nem tudo que é natural é o que vai acontecer”.

Na entrevista toda, Cícero destacou suas ações quando governador na década de 90, quando substituiu Ronaldo Cunha Lima e assinou decreto de criação de mais de 50 cidades na Paraíba, descartou aliança com a oposição declarando-se ser uma das figuras mais leais da política paraibana e defendeu que “os interesses pessoais” não estejam acima da necessidade de dar continuidade ao projeto de João Azevedo no governo.

E foi além: disse que espera tudo seja definido até junho, antes mesmo do São João, que é pra dar tempo do candidato se fortalecer ainda mais.

De tudo o que ele disse, duas coisas podem resumir tudo. Cícero é o candidato ao governo mais oficial de todo o Brasil, mais do que os que vão para reeleição. Lembrando que ao fazer a chamada para o programa só falou em “projeto da Paraíba” e não mais de João Pessoa. Registrou que pesquisas apontam que o próprio pessoense quer que ele leve a experiência da capital para o estado. E ainda disse que o vice-prefeito Léo Bezerra já é o segundo prefeito de João Pessoa e vai dar continuidade sem problemas a tudo que está sendo desenvolvido.

E a segunda conclusão é de que a coisa mais difícil do mundo será convencê-lo a desistir desse projeto.

Simplesmente “porque” ele entende que essa é a melhor – talvez a única  – oportunidade de sua vida. E que, do jeito que vai correndo solto, com uma liberdade de ação maior do que as dos seus parceiros de grupo, chegará no momento da decisão com um patamar de difícil convencimento.

Será difícil alguém responder “por que não” Cícero.

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Após quase 20 anos de atuação, Elsinho Carvalho pede desligamento da Assembleia Legislativa

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Redação do Portal da Capital

O advogado Elson Carvalho Filho, conhecido como Elsinho Carvalho, pediu hoje desligamento da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba após duas décadas de atuação no Legislativo paraibano.

Em seu instagram, ele agradeceu aos deputados e deputadas e aos servidores da Casa.

“Hoje encerro um ciclo com o sentimento de gratidão e de dever cumprido. Em nome de Álvaro Dantas e da experiente deputada Chica Motta, agradeço a todos, indistintamente. Muito obrigado pelo convívio e aprendizado ao longo destes anos.”

Elsinho iniciou suas atividades na Assembleia Legislativa prestando assessoria aos deputados Manoel Júnior (in memoriam), Olenka Maranhão, Vital do Rego (hoje ministro e presidente do Tribunal de Contas da União) e a Gervásio Maia.

Depois atuou na Procuradoria da Casa, na Chefia de Gabinete da Presidência e na Chefia da Secretaria do Gabinete da Presidência, por quase dez anos, nas gestões do hoje deputado federal Gervasinho e do atual presidente, Adriano Galdino.

Durante sua trajetória Elsinho participou ativamente da elaboração de importantes projetos de lei que beneficiaram a população paraibana.

Também teve destacada atuação em Comissões Parlamentares de Inquérito – Is, nos projetos de aposentadoria incentivada para os servidores da Casa e em reformas istrativas.

Atencioso, sempre esteve atento à imprensa e aos servidores.

Em sua despedida, recebeu mensagens de carinho e agradecimento de amigos, servidores e deputados.

“Obrigada por ser vir ao povo da Paraíba com tamanho zelo e dedicação”, escreveu a deputada Francisca Motta (Republicanos), avó do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.

Já o deputado Anderson Monteiro (MDB) escreveu: “Muito bom ter convivido com o amigo na ALPB. Sucesso.”

Advogado reconhecido no Estado, mantém escritório de advocacia com atuação no direito público, entre outras áreas, há quase 20 anos.

Confira imagem:

 

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Pressa para João se definir ativa dilema entre poder e perspectiva de poder

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Redação do Portal da Capital

*Por Josival Pereira

Uma declaração do deputado Aguinaldo Ribeiro, presidente estadual do Progressistas, está moendo na imprensa e nas rodas políticas nos últimos dois ou três dias. Foi a defesa para que a chapa da aliança liderada pelo governador João Azevedo seja definida logo. Não houve sinalização de prazo, mas supõem-se que seja com certa urgência.

A fala de Aguinaldo ganhou maior repercussão porque, de forma direta, ele defendeu que o governador decida já se será candidato a senador ou não. Esse é o ponto nevrálgico da coisa.

Não é apenas Aguinaldo que cobra definição mais imediata do governador em relação à candidatura ao Senado. Existem várias vozes neste sentido, incluindo a de aliados e até amigos do governador. Avalia-se que, sem essa definição, João perderia espaços eleitorais e pode correr risco nas urnas.

O problema é que este talvez seja o assunto mais complexo, melindroso e delicado da política estadual. É que a questão tem a ver não apenas com a eleição, mas, sobretudo e essencialmente, com o dilema entre o poder político (ou o poder em marcha para a finalização) e a perspectiva de poder, conceitos que dominam bem os bastidores do ambiente político, embora muitas vezes sejam tratados com demasiada parcimônia.

No caso concreto, o que entra em jogo é que no momento em que o governador João Azevedo anunciar taxativamente, sem nenhuma dúvida, que será candidato a senador, indubitavelmente vai se instalar o processo de finalização de seu governo. Começará a contagem regressiva para a renúncia, que precisará ocorrer até o dia 2 de abril de 2026. Seu poder governamental começará a se esvair a cada mês. Querendo ou não, não demorará que se e a registrar nos dedos a quantidade de meses restante para o fim do governo (10, 9, 8, 7 meses e assim por diante).

Os milhões de investimentos em grandes obras arão a importar menos. Valerá mais a corrida em busca da consolidação de privilégios grupais ou pessoais. Com a decisão plena de candidatura, o poder do governo posto começará a se dissolver. Não adiantam contra-argumentos. Existem centenas de exemplos neste sentido por aí.

Na política, começará a funcionar o que se convencionou chamar de perspectiva de poder. Ocorre quando do ponto de vista temporal o cargo de poder central no município, estado ou no país começa a se aproximar do ungido. Se dá, então, que, automaticamente o futuro detentor do poder a a ser foco de todas as atenções e as soluções sobre contratos, empregos, conflitos e encaminhamento de privilégios já am a ser concentrados no futuro governante e gestor. Trata-se de uma mudança de núcleo de poder quase inevitável.

Pode até ser que o deputado Aguinaldo Ribeiro e os defensores da antecipação de decisão de João nem tenham pensado nisso. Na prática, porém, a decisão final do governador sobre a candidatura ao Senado implica no início da transferência do poder político no Estado. Não foi à-toa, por exemplo, que, recentemente, quando o governador estava de férias, numa visita do vice-governador Lucas Ribeiro a Cajazeiras, o ex-prefeito Zé Aldemir tenha levado um grupo de servidores demitidos do hospital local para o evento. A promessa é que serão reitidos quando Lucas assumir o governo. Afinal, Lucas e Aldemir são do mesmo partido.

Não são também à-toa os registros históricos de prefeitos e governadores que deixam para a undécima hora o anúncio sobre renúncia ou não ao poder para a disputa de outro cargo. São conjunturas em que o poder de cautela e preservação funciona mais alto.

É este quadro que leva o governador João Azevedo a istrar sua situação política. Por isso, num momento, ele adianta a candidatura ao Senado e, noutro, planta a dúvida. Parede conduzir o poder na ponta dos dedos até abril do ano que vem para não perder autoridade.

Assim, não foi de graça que o secretário Tibério Limeira (istração) disse que o PSB ainda não abriu mão da cabeça de chapa. Permite a leitura que o governador pode ficar no cargo para eleger o sucessor. Do mesmo modo, não são gratuitas as declarações de aliados defendendo a permanência do governador no poder até o fim do mandato.

A verdade é que, por todas essas sutis implicações, dificilmente, o governador João Azevedo anunciará uma decisão definitiva sobre a candidatura ao Senado até o início de 2026. As candidaturas serão estimuladas, mas não efetivadas. Pode parecer ruim para o esquema liderado pelo governador. Todavia, vale lembrar que a história revela que quase nada se movimenta a definição do lado do governo. Afinal, as campanhas eleitorais na Paraíba não costumam andar apenas com uma perna.

No mais, talvez seja prudente avisar aos aliados do governador que, às vezes, um conselho amigo pode carregar algum perigo.

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