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Artigo: Com Ricardo Coutinho preso, na Paraíba, a política avança de calvário em calvário

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Thiago Moraes

Que a História é uma ciência fundamental a quem acompanha a política, ninguém questiona. Trata-se de um truísmo, ou seja, uma obviedade, uma verdade tão banal que não mereceria nem ser mencionada. O que poucos sabem, talvez, é o porquê da afirmação. Não estudamos o ado para repeti-lo, mas para nos libertarmos dele. Se a História, é verdade, não diz quais devem ser as nossas escolhas futuras, ao menos, nos dá opções de quais caminhos não seguir.

Dito isto, vamos ao encontro de Nicolae Ceauşescu, político romeno que serviu como secretário geral do Partido Comunista do seu país, de 1965 a 1989, assumindo, a partir de 1974, a presidência da República Socialista da Romênia.

Nicolae fez muito pelo prestígio da Romênia, sabia costurar acordos, liderar situações e conduzia primorosamente a política externa de seu país. Com efeito, a popularidade conquistada sugeria que seu poder fosse ilimitado, poucos questionavam seu lado obscuro e autoritário.

Aos poucos, porém, os romenos começaram a descobrir quem era ele: um ditador implacável que transformou o Estado em um altar para ser adulado. Megalomaníaco e egocêntrico, como todos os ditadores, incentivava o culto à personalidade, distribuindo, por todo o país, dúzias de quadros e esculturas construídas a partir de uma imagem idealizada de si. Círculos de bajuladores massageavam o seu ego a ponto de isolá-lo da realidade. Conta-se que Nicolae Ceauşescu era um caçador apaixonado com péssima mira. Por isso, os guardas florestais matavam animais para que ele fosse campeão de caça. O tirano começava a viver num mundo de fantasia, onde não itia perder.

Talvez, por isso, além de controlar o presente com mãos de ferro, apoiado pela rede de milhares de informantes que perfaziam o instrumento de repressão da Romênia, a temida Securitate, Nicolae tentou reescrever o ado. Assim, ele assinou um decreto que bania todas as máquinas de escrever não autorizadas e obrigou que todos os textos datilografados fossem enviados ao governo para prévia avaliação. Tal qual os demais ditadores, ele temia, sobretudo, uma imprensa livre e crítica.

Mas os absurdos não terminam por aí. Ele exigiu que as fotos que revelassem muitas rugas em seu rosto fossem descartadas. As poucas que sobravam eram retocadas com spray e um pequeno pincel para uniformizar e atenuar algum defeito que, porventura, insistisse em permanecer em seu severo rosto. Em uma época sem fotos digitais e Photoshop, imaginem o trabalho dos núcleos de comunicação do governo para suavizar o semblante do déspota que, dizem, era famoso pela feiura.

Nicolae chegou ao cúmulo de ordenar que pintassem faixas em apoio ao governo nas fotografias de grandes solenidades e de inserir imagens dele mesmo nos instantâneos para “provar” que esteve presente com o povo nas manifestações de rua. A verdade é que enquanto o povo vivia na miséria, o ditador relaxava no esplendor de suas mansões e banquetes nababescos.

“O Escolhido”, “o Salvador”, “o Gênio”, era assim que gostava de autorreferir-se. Ocorre que o reflexo da megalomaníaca opinião de si mesmo privava-o do senso da realidade. Nicolae não viu que as fundações de seu governo começavam a ceder, não viu que brotavam trincas na armadura de seu staff, não viu que a libertação do povo se aproximava. Em 1989, uma onda de revolta ao comunismo alastrou-se pela Europa e a frustração de milhões de pessoas materializou-se na destruição do muro de Berlim.

O ditador romeno tentava ignorar o que se ava na Europa, erro de estratégia fatal que o deixou vulnerável. Isolado em fantasias de bajuladores e iradores falsos, que simplesmente aniquilaram o seu senso de realidade, ele não viu que os diques de seu governo iriam desabar em um mês, poucos dias antes do Natal de 1989.

Já debilitado politicamente, Nicolae acreditava que bastava aparecer em público para voltar aos velhos tempos de calmaria e aprovação de sua liderança. Assim, para mostrar sua força, organizou um enorme comício. A claque contratada, como de costume, aplaudia mecanicamente, mas os demais, extremamente decepcionados e cansados com os (des)caminhos da direção política, começaram a vaiá-lo e a insultá-lo.

O discurso foi televisionado e não será difícil encontrá-lo no Youtube. Trata-se de um vídeo relativamente curto, menos de 10 minutos, durante os quais é possível ver os olhos estupefatos e expressão estarrecida de um déspota que enxerga, atônito, o poder desmoronar como um castelo de areia a sua frente.

Há quem ignore a História. Já sabemos, no entanto, que se cercar de bajuladores, cercear a liberdade de expressão e ignorar os anseios de uma população sedenta por justiça não é o caminho mais inteligente a seguir.

Enquanto isso, na Paraíba, o ex-ditador está preso e a política estadual avança de calvário em calvário. Aguardemos 2020.

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Pressa para João se definir ativa dilema entre poder e perspectiva de poder

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Redação do Portal da Capital

*Por Josival Pereira

Uma declaração do deputado Aguinaldo Ribeiro, presidente estadual do Progressistas, está moendo na imprensa e nas rodas políticas nos últimos dois ou três dias. Foi a defesa para que a chapa da aliança liderada pelo governador João Azevedo seja definida logo. Não houve sinalização de prazo, mas supõem-se que seja com certa urgência.

A fala de Aguinaldo ganhou maior repercussão porque, de forma direta, ele defendeu que o governador decida já se será candidato a senador ou não. Esse é o ponto nevrálgico da coisa.

Não é apenas Aguinaldo que cobra definição mais imediata do governador em relação à candidatura ao Senado. Existem várias vozes neste sentido, incluindo a de aliados e até amigos do governador. Avalia-se que, sem essa definição, João perderia espaços eleitorais e pode correr risco nas urnas.

O problema é que este talvez seja o assunto mais complexo, melindroso e delicado da política estadual. É que a questão tem a ver não apenas com a eleição, mas, sobretudo e essencialmente, com o dilema entre o poder político (ou o poder em marcha para a finalização) e a perspectiva de poder, conceitos que dominam bem os bastidores do ambiente político, embora muitas vezes sejam tratados com demasiada parcimônia.

No caso concreto, o que entra em jogo é que no momento em que o governador João Azevedo anunciar taxativamente, sem nenhuma dúvida, que será candidato a senador, indubitavelmente vai se instalar o processo de finalização de seu governo. Começará a contagem regressiva para a renúncia, que precisará ocorrer até o dia 2 de abril de 2026. Seu poder governamental começará a se esvair a cada mês. Querendo ou não, não demorará que se e a registrar nos dedos a quantidade de meses restante para o fim do governo (10, 9, 8, 7 meses e assim por diante).

Os milhões de investimentos em grandes obras arão a importar menos. Valerá mais a corrida em busca da consolidação de privilégios grupais ou pessoais. Com a decisão plena de candidatura, o poder do governo posto começará a se dissolver. Não adiantam contra-argumentos. Existem centenas de exemplos neste sentido por aí.

Na política, começará a funcionar o que se convencionou chamar de perspectiva de poder. Ocorre quando do ponto de vista temporal o cargo de poder central no município, estado ou no país começa a se aproximar do ungido. Se dá, então, que, automaticamente o futuro detentor do poder a a ser foco de todas as atenções e as soluções sobre contratos, empregos, conflitos e encaminhamento de privilégios já am a ser concentrados no futuro governante e gestor. Trata-se de uma mudança de núcleo de poder quase inevitável.

Pode até ser que o deputado Aguinaldo Ribeiro e os defensores da antecipação de decisão de João nem tenham pensado nisso. Na prática, porém, a decisão final do governador sobre a candidatura ao Senado implica no início da transferência do poder político no Estado. Não foi à-toa, por exemplo, que, recentemente, quando o governador estava de férias, numa visita do vice-governador Lucas Ribeiro a Cajazeiras, o ex-prefeito Zé Aldemir tenha levado um grupo de servidores demitidos do hospital local para o evento. A promessa é que serão reitidos quando Lucas assumir o governo. Afinal, Lucas e Aldemir são do mesmo partido.

Não são também à-toa os registros históricos de prefeitos e governadores que deixam para a undécima hora o anúncio sobre renúncia ou não ao poder para a disputa de outro cargo. São conjunturas em que o poder de cautela e preservação funciona mais alto.

É este quadro que leva o governador João Azevedo a istrar sua situação política. Por isso, num momento, ele adianta a candidatura ao Senado e, noutro, planta a dúvida. Parede conduzir o poder na ponta dos dedos até abril do ano que vem para não perder autoridade.

Assim, não foi de graça que o secretário Tibério Limeira (istração) disse que o PSB ainda não abriu mão da cabeça de chapa. Permite a leitura que o governador pode ficar no cargo para eleger o sucessor. Do mesmo modo, não são gratuitas as declarações de aliados defendendo a permanência do governador no poder até o fim do mandato.

A verdade é que, por todas essas sutis implicações, dificilmente, o governador João Azevedo anunciará uma decisão definitiva sobre a candidatura ao Senado até o início de 2026. As candidaturas serão estimuladas, mas não efetivadas. Pode parecer ruim para o esquema liderado pelo governador. Todavia, vale lembrar que a história revela que quase nada se movimenta a definição do lado do governo. Afinal, as campanhas eleitorais na Paraíba não costumam andar apenas com uma perna.

No mais, talvez seja prudente avisar aos aliados do governador que, às vezes, um conselho amigo pode carregar algum perigo.

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Veneziano avança e vai fechando um sim de quem tem dois pra dar

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Redação do Portal da Capital

* Por Luis Tôrres

Único candidato majoritário do momento que não precisa da decisão de terceiros, portanto, efetivamente definido para as eleições de 2026, o senador Veneziano Vital do Rego (MDB), postulante à reeleição, avança politicamente como quem trafega numa avenida de duas faixas sem semáforo nem veículos.

Faz da velha máxima que aponta para a inexistência de espaço vazio na política um exemplo na prática. E, enquanto os “possíveis” candidatos, sejam da base governista ou até mesmo oposicionista, ainda discutem e buscam definições pautados por tantos “se” e “talvez, vai fechando um a um apoios importantes entre lideranças políticas municipais para sua candidatura à reeleição.

Impulsionado pelo envio de emendas a diversos municípios da Paraíba, segundo ele, com ações em todas as 223 cidades paraibanas, Veneziano corre solto com cabelos ao vento e vai carimbando com o V um dos braços de prefeitos de todos os partidos, inclusive os aliados ao governo, sem querer saber de quem será o outro braço.

Vai garantindo, portanto, o seu voto antecipada e independentemente de quais serão seus adversários e parceiros na disputa pelas duas vagas no Senado.

De tal forma que, se deixarem Veneziano ar muito tempo neste privilégio de seguir “oficialmente” sozinho, quando as duplas de candidatos oficializados se derem conta não encontrarão mais ninguém capaz de garantir dois votos.

Porque um deles já estará prometido ao Cabeludo.

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Definições políticas para 2026 na Paraíba já estão plenamente desenhadas

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Redação do Portal da Capital

* Por Josival Pereira

Na política da Paraíba, o mais comum é que as candidaturas aos cargos mais importantes- governador, vice-governador e senador – somente são definidas às vésperas das convenções ou em períodos mais próximos, quase sempre faltando 5 ou 4 meses para a eleição. Todavia, pela intensa movimentação das lideranças partidárias, há uma tendência de antecipação das decisões e é bem possível que até o fim do ano (2025) os principais candidatos já estejam praticamente proclamados.

Na verdade, a maioria das definições já estão encaminhadas e já são claramente perceptíveis os contornos de alianças politico-partidárias com as probabilidades de candidaturas.

Os desenhos que se pintam indicam a formação de três campos distintos de conglomerações partidárias para a disputa do poder estadual. Uma aliança liderada pelo governador João Azevedo, envolvendo PSB, Progressistas, Republicanos e talvez o PT, com outra meia dúzia de legendas; outra aliança liderada pelo conjunto formado pelo senador Efraim Filho e o grupo Cunha Lima, com a aglomeração de partidos como PSD, União Brasil ou parte dele, Podemos, MDB e outras legendas da direita liberal; e, por fim, a direita mais radical também se fará presente na disputa com o PL, liderada pelo ministro Marcelo Queiroga, representando o bolsonarismo.

Dentro desses três campos políticos , os nomes já estão praticamente postos. Na aliança governamental, o candidato a governador deverá ficar entre o vice-governador Lucas Ribeiro e o prefeito Cícero Lucena. Fala-se ainda no deputado Hugo Motta, mas, com certeza, essa será uma solução muito remota. Um candidato a senador será o governador João Azevedo e a outra vaga restará disponível para acertos internos ou adesões de porte.

No campo da direita liberal, o candidato a governador ficará entre o senador Efraim Filho e o ex-deputado Pedro Cunha Lima, com a tendência que seja o primeiro, pela sua condição de estar no meio do mandato de senador e não perder o posto em caso de derrota na eleição local. Um candidato ao Senado será o senador Veneziano Vital do Rego. A outra vaga pode ser ocupada por Pedro Cunha Lima, mas também pode ser disponibilizada para outros acertos internos ou para adesões.

Na direita bolsonarista, os nomes estão lançados: o ex-ministro Marcelo Queiroga será o candidato a governador e o pastor Sérgio Queiroga disputará vaga no Senado. Há vagas em aberto na chapa, mas, mantendo a linha mais ideológica de definição, dificilmente não sejam ocupadas por gente de casa.

Tenha-se ainda que a esquerda mais pura, reunida na federação PSOL/Rede, pode apresentar chapa para o debate em torno das eleições para governador.

Apesar dessa possibilidade, é de se registrar que a perspectiva concreta é a de que futuro governador de Paraíba terá perfil de direita, uma vez que os nomes catados para disputar pela aliança liderado pelo PSB e que pode contar com o

PT e legendas de centro esquerda têm histórico perfil de direita. Muda o ciclo inaugurado em 2010, com a eleição de Ricardo Coutinho, estabelecendo um período de gestões constituídas por alianças amplas, mas lideradas pela esquerda.

Lógico que não estão descartadas mudanças de última hora ou imprevistas. É praxe na política da Paraíba. Como a aliança liderada pelo governador dispõe de muitos nomes em condições de disputa, não será surpresa que uma ou outra figura, insatisfeito por falta de acomodação, bandei-se para para a oposição. Assim como é plenamente possível que a aliança governamental, pela sua ampla força, atrai lideranças da oposição.

Não se descarte também que as duas forças mais à direita (direita liberal e direita bolsonarista) acabem se juntando, talvez em torno do nome do senador Efraim Filho.

Na geral, contudo, aa definições políticas para 2026 na Paraíba, inclusive com os nomes dos principais candidatos, já estão plenamente desenhadas.

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